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17 julho 2010

PENSAMINTO - Revista de Literatura e Arte



Com capa do artista plástico Sérgio França, o número 11 da segunda fase de PENSAMINTO homenageou o poeta Ronaldo Costa Fernandes, de Brasília, e trouxe também crítica sobre os livros infanto-juvenis: "La Cucaracha" (Cleonice Rainho) e "A dança da lua cheia" (de Joilson Portocalvo)e o artigo "Coibindo o bilingüismo", de Emanuel Medeiros Vieira.

SÉRGIO FRANÇA

Nasceu em Cataguases em 18 de agosto de 1959. Morou no Rio de Janeiro por dezessete anos, período em que, além das várias exposições de que participou, fez cenografia teatral. Está em Cataguases desde 1994 e integra o grupo de artistas plásticos G15.
Sua técnica é essencialmente óleo sobre tela, mas ele trabalha também com colagens e assemblagens. A característica principal de sua obra é a integração da pintura com o universo que o cerca, transformando-a quase em escultura.

Para contactar o artista, entre em contato conosco.


UM POETA NO CAMINHO

RONALDO COSTA FERNANDES


Por Idalina de Carvalho


Intuitivo, poeta de maturidade literária admirável, Ronaldo apresenta em seus poemas uma arquitetura retorcida, insana, marcada pelo inverso, em imagens de desejos e frustrações. Não é à natureza que o poeta dá o dom da vida - mas às coisas que aparecem em seus poemas - "lambendo, respirando, fumando a alma operária". O universo que o cerca é percebido com a cegueira de um sábio, recriando realidade, transferindo-a para dimensão diversa.

Ronaldo Costa Fernandes é um dos poetas mais inovadores da poesia contemporânea. Maranhense de São Luiz, morou por nove anos na Venezuela, dirigindo o Centro de Estudos Brasileiros (Embaixada do Brasil). Em 1994 foi para Brasília, onde foi coordenador da FUNARTE. "Estrangeiro" foi o seu primeiro livro de poemas, que o levou de volta à sua expressâo inicial, depois de haver passado pelo ensaio e prosa de ficção.

Dois livros seus: "Concerto para flauta e martelo"(romance-Codecri-1979) e "O ladrão de cartas"(novela-Civilização Brasileira-1981) ganharam, respectivamente, os prêmios "Autor Revelação" - da Associação Paulista de Críticos de Arte, e o "Prêmio Guimarães Rosa" - da Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Ganhou ainda o prêmio "Casa de Las Américas", com "Notícias do horto".

Os dois poemas abaixo fazem parte do livro "O estrangeiro".

QUIETUDE

Acompanhei a dúvida das frutas amadurecendo
ainda no féretro do outono.
Tudo é quieto, finito
e profundo.
Os pescadores lançam
as varas de pescar
e esticam o tempo.
Os barcos, no cais, são vermes inquietos,
presos à terra.
As mangueiras dão frutos como os peitos
entumescidos das parturientes.
Cobiço as frutas vizinhas distantes cercas
de mim.
Pensei na esperança que deve ter muitos nomes.
Na morna tarde dos anos
e no futuro das lembranças de maio,
soturna e definitiva como uma lápide ao sol,
veio-me a vontade de riscos.

CIDADE PEQUENA

O sol
traço
morse
tenta
telegrafar
a manhã.

A nuvem
furta
o fruto
do galho
da árvore
do dia.

Os bois
mugem
a névoa
espessa
e
fria.

O trem
apita
a curva
metálica
e
uma chaminé
fuma
a alma
operária.

O carteiro
sela
o destino.
A igreja
repica
dízimos
periódicos.

A praça
roda
gigante
e
a moça
troca
o trote
do moço.

Por fim
o sol
cai
no cofre
e
a lua
desliza
rolimã.






17 julho 2010

PENSAMINTO - Revista de Literatura e Arte



Com capa do artista plástico Sérgio França, o número 11 da segunda fase de PENSAMINTO homenageou o poeta Ronaldo Costa Fernandes, de Brasília, e trouxe também crítica sobre os livros infanto-juvenis: "La Cucaracha" (Cleonice Rainho) e "A dança da lua cheia" (de Joilson Portocalvo)e o artigo "Coibindo o bilingüismo", de Emanuel Medeiros Vieira.

SÉRGIO FRANÇA

Nasceu em Cataguases em 18 de agosto de 1959. Morou no Rio de Janeiro por dezessete anos, período em que, além das várias exposições de que participou, fez cenografia teatral. Está em Cataguases desde 1994 e integra o grupo de artistas plásticos G15.
Sua técnica é essencialmente óleo sobre tela, mas ele trabalha também com colagens e assemblagens. A característica principal de sua obra é a integração da pintura com o universo que o cerca, transformando-a quase em escultura.

Para contactar o artista, entre em contato conosco.


UM POETA NO CAMINHO

RONALDO COSTA FERNANDES


Por Idalina de Carvalho


Intuitivo, poeta de maturidade literária admirável, Ronaldo apresenta em seus poemas uma arquitetura retorcida, insana, marcada pelo inverso, em imagens de desejos e frustrações. Não é à natureza que o poeta dá o dom da vida - mas às coisas que aparecem em seus poemas - "lambendo, respirando, fumando a alma operária". O universo que o cerca é percebido com a cegueira de um sábio, recriando realidade, transferindo-a para dimensão diversa.

Ronaldo Costa Fernandes é um dos poetas mais inovadores da poesia contemporânea. Maranhense de São Luiz, morou por nove anos na Venezuela, dirigindo o Centro de Estudos Brasileiros (Embaixada do Brasil). Em 1994 foi para Brasília, onde foi coordenador da FUNARTE. "Estrangeiro" foi o seu primeiro livro de poemas, que o levou de volta à sua expressâo inicial, depois de haver passado pelo ensaio e prosa de ficção.

Dois livros seus: "Concerto para flauta e martelo"(romance-Codecri-1979) e "O ladrão de cartas"(novela-Civilização Brasileira-1981) ganharam, respectivamente, os prêmios "Autor Revelação" - da Associação Paulista de Críticos de Arte, e o "Prêmio Guimarães Rosa" - da Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Ganhou ainda o prêmio "Casa de Las Américas", com "Notícias do horto".

Os dois poemas abaixo fazem parte do livro "O estrangeiro".

QUIETUDE

Acompanhei a dúvida das frutas amadurecendo
ainda no féretro do outono.
Tudo é quieto, finito
e profundo.
Os pescadores lançam
as varas de pescar
e esticam o tempo.
Os barcos, no cais, são vermes inquietos,
presos à terra.
As mangueiras dão frutos como os peitos
entumescidos das parturientes.
Cobiço as frutas vizinhas distantes cercas
de mim.
Pensei na esperança que deve ter muitos nomes.
Na morna tarde dos anos
e no futuro das lembranças de maio,
soturna e definitiva como uma lápide ao sol,
veio-me a vontade de riscos.

CIDADE PEQUENA

O sol
traço
morse
tenta
telegrafar
a manhã.

A nuvem
furta
o fruto
do galho
da árvore
do dia.

Os bois
mugem
a névoa
espessa
e
fria.

O trem
apita
a curva
metálica
e
uma chaminé
fuma
a alma
operária.

O carteiro
sela
o destino.
A igreja
repica
dízimos
periódicos.

A praça
roda
gigante
e
a moça
troca
o trote
do moço.

Por fim
o sol
cai
no cofre
e
a lua
desliza
rolimã.