Conheci Leonardo Campos no período em que eu editava a revista "Pensaminto", de Cataguases para o mundo. Naquela época ele era um estudante do Ensino Médio, mas já vivia envolvido com a poesia, o que me motivou a publicar matéria sobre ele e divulgar um poema dele na época. Mais tarde, em 2000, ele também se fez presente na edição especial de "Pensaminto", que apresentava o cenário cultural que se desenhou em Cataguases a partir da década de 1960. Ele cursou Letras na FIC e, a partir de então, prosseguiu fiel ao seu talento, atuando não apenas como poeta, mas também como um educador ímpar, disseminador competente do gosto pela leitura e pela escrita,
Procurei Leonardo no início deste ano e ele concedeu uma entrevista exclusiva para este blog.. Confira:
Idalina: Leonardo, gostaria que apresentasse um breve relato do trabalho que vem desenvolvendo como professor, abordando também a sua atividade poética.
Leonardo: Iniciei minhas atividades como professor em 2006, desde lá, sempre tive a preocupação de proporcionar aos alunos atividades que dialogassem com a realidade de seus mundos, de seus anseios. É claro que nem sempre isso é possível, mas pelo menos coloco como norte essa abordagem. Neste tempo desenvolvi trabalhos e projetos baseados em alguns livros que destoam um pouco da programação prevista no currículo. Penso que esse tipo de diversificação é boa. Tenho trabalhado com o livro de poesia visual "Pó de Lua", da poetisa Clarice Freire, entre outras obras nessa mesma linha. Em 2015 propus aos alunos do 3º ano a criação de uma poesia visual, filmada através de seus próprios celulares. Apesar da atividade de professor nos trazer grandes desafios, tive experiências interessantes na docência com a participação em uma das etapas do “Soletrando” em Belo Horizonte no ano de 2007 com o aluno Natã e na semifinal das "Olimpíadas de Língua Portuguesa" em Porto Alegre (2014), com a aluna Núbia Rosa. Foram momentos muito bons. Quanto ao meu livro de poesia, “Alma de brinquedo” lancei a primeira edição em 2009 e em 2010 pude lançar a 2ª edição através da Lei Ascânio Lopes. Percebi que havia chegado o momento de lançar os meus versos que já estavam escritos há algum tempo, principalmente na época de Faculdade.
Idalina: Fale um pouco sobre o "Festival de Talentos"
Leonardo: O Festival de Talentos da Escola Estadual Professor Quaresma aconteceu dentro da "Semana de Valorização da vida", que ocorreu entre os dias 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015. Com o Festival, foram encerradas as atividades da semana. O objetivo desse evento é proporcionar aos alunos oportunidade de revelarem seus talentos nas áreas: musical, teatral, circense, entre outras.
Idalina: Como surgiu a ideia de trabalhar com o livro "Beijar, ficar e outros verbos adolescentes"? Como foram selecionados os alunos participantes do trabalho? Os alunos opinaram na montagem da adaptação ou você mesmo leu o livro e selecionou os trechos que pudessem proporcionar um diálogo entre os alunos?
Leonardo: O livro tem tudo a ver com o mundo adolescente. Essa atmosfera da obra foi o ponto de partida. A partir daí verifiquei quais alunos tinham interesse em encarar a jornada de representar uma peça adaptada do livro. Com a manifestação dos alunos interessados, os mesmos leram a obra, eu apresentei o roteiro a ser seguido e iniciamos os ensaios, que, por si só, já representaram uma aventura que envolvia alguns momentos de risos e outros de muita ansiedade, quando as coisas não iam bem. Neste ponto agradeço em especial à Professora Solange Narciso que muito contribuiu nos ensaios e evolução dos alunos. A biblioteca da escola se transformou no cantinho para os treinos dos alunos.
Leonardo: Muito boa. Algumas alunas leram a obra depois da apresentação da peça. O teatro despertou o interesse deles. Um fato interessante é que foi combinado que no dia da apresentação não iria acontecer nada de beijo na boca, visto que em um dos ensaios esse beijo rolou. Porém, no dia da apresentação, dada a evolução da peça, todos os alunos que assistiam já gritavam em coro, beija, beija... foi muita pressão, e o beijo proibido lá nos ensaios aconteceu ao vivo e a cores para delírio da galera.
Idalina: Como você avalia o resultado? Que outras possibilidades o livro pode trazer dentro da escola?
Procurei Leonardo no início deste ano e ele concedeu uma entrevista exclusiva para este blog.. Confira:
Idalina: Leonardo, gostaria que apresentasse um breve relato do trabalho que vem desenvolvendo como professor, abordando também a sua atividade poética.
Leonardo: Iniciei minhas atividades como professor em 2006, desde lá, sempre tive a preocupação de proporcionar aos alunos atividades que dialogassem com a realidade de seus mundos, de seus anseios. É claro que nem sempre isso é possível, mas pelo menos coloco como norte essa abordagem. Neste tempo desenvolvi trabalhos e projetos baseados em alguns livros que destoam um pouco da programação prevista no currículo. Penso que esse tipo de diversificação é boa. Tenho trabalhado com o livro de poesia visual "Pó de Lua", da poetisa Clarice Freire, entre outras obras nessa mesma linha. Em 2015 propus aos alunos do 3º ano a criação de uma poesia visual, filmada através de seus próprios celulares. Apesar da atividade de professor nos trazer grandes desafios, tive experiências interessantes na docência com a participação em uma das etapas do “Soletrando” em Belo Horizonte no ano de 2007 com o aluno Natã e na semifinal das "Olimpíadas de Língua Portuguesa" em Porto Alegre (2014), com a aluna Núbia Rosa. Foram momentos muito bons. Quanto ao meu livro de poesia, “Alma de brinquedo” lancei a primeira edição em 2009 e em 2010 pude lançar a 2ª edição através da Lei Ascânio Lopes. Percebi que havia chegado o momento de lançar os meus versos que já estavam escritos há algum tempo, principalmente na época de Faculdade.
Idalina: Fale um pouco sobre o "Festival de Talentos"
Leonardo: O Festival de Talentos da Escola Estadual Professor Quaresma aconteceu dentro da "Semana de Valorização da vida", que ocorreu entre os dias 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015. Com o Festival, foram encerradas as atividades da semana. O objetivo desse evento é proporcionar aos alunos oportunidade de revelarem seus talentos nas áreas: musical, teatral, circense, entre outras.
Idalina: Como surgiu a ideia de trabalhar com o livro "Beijar, ficar e outros verbos adolescentes"? Como foram selecionados os alunos participantes do trabalho? Os alunos opinaram na montagem da adaptação ou você mesmo leu o livro e selecionou os trechos que pudessem proporcionar um diálogo entre os alunos?
Leonardo: O livro tem tudo a ver com o mundo adolescente. Essa atmosfera da obra foi o ponto de partida. A partir daí verifiquei quais alunos tinham interesse em encarar a jornada de representar uma peça adaptada do livro. Com a manifestação dos alunos interessados, os mesmos leram a obra, eu apresentei o roteiro a ser seguido e iniciamos os ensaios, que, por si só, já representaram uma aventura que envolvia alguns momentos de risos e outros de muita ansiedade, quando as coisas não iam bem. Neste ponto agradeço em especial à Professora Solange Narciso que muito contribuiu nos ensaios e evolução dos alunos. A biblioteca da escola se transformou no cantinho para os treinos dos alunos.
Idalina: Qual foi a repercussão do teatro e do livro entre os alunos e na escola de forma geral?
Leonardo: Muito boa. Algumas alunas leram a obra depois da apresentação da peça. O teatro despertou o interesse deles. Um fato interessante é que foi combinado que no dia da apresentação não iria acontecer nada de beijo na boca, visto que em um dos ensaios esse beijo rolou. Porém, no dia da apresentação, dada a evolução da peça, todos os alunos que assistiam já gritavam em coro, beija, beija... foi muita pressão, e o beijo proibido lá nos ensaios aconteceu ao vivo e a cores para delírio da galera.
Idalina: Como você avalia o resultado? Que outras possibilidades o livro pode trazer dentro da escola?
Leonardo: Gostei do resultado da peça teatral, do "Festival de Talentos" e de toda a "Semana de Valorização da Vida" da Escola Estadual Professor Quaresma. Os professores, direção e supervisão gostaram também. Quanto ao livro, é um potencial a ser explorado com os adolescentes, seja em forma de trabalhos em sala de aula, encenações, palestras e outras formas que a imaginação mandar. Cabe a nós, professores, criarmos meios de estimular a vivência dos alunos em cima dessa temática tão própria do mundo adolescente e que o livro coloca de maneira muito feliz.
Peça teatral inspirada no livro:
Beijar, ficar e outros verbos adolescentes
(Adaptação: Professor Leonardo Campos)
1º cena: Criando verbos
- Olá, Aninha. Cheguei!
- Oi Laís. Sabia que “Chegar” foi o assunto da aula de hoje.
- É mesmo?
- Sim, e já não aguento mais estudar, já é dezembro e quero férias.
- Eu também. Mas porque a palavra chegar foi assunto da aula, que estória maluca é essa?
- Ai, ai, vimos os verbos transitivos diretos, transitivos indiretos e intransitivos.
- Iiiii, ninguém merece! É muito trânsito pra minha cabeça.
- E eu mereço, né? Fui obrigada a assistir à aula.
- Mas vamos falar de outros verbos, Aninha.
- Outros verbos?
- Sim! Verbos que os professores não ensinam nas salas de aula.
- Ai, Meu Deus, que verbos seriam esses? (se faz curiosa)
- Uhnnn! Não imagina?
- Fale logo, Laís! Não me irrita! Ou caga ou libera a moita.
- São os verbos adolescentes.
- Verbos adolescentes???? Como assim?
- Beijar, ficar e outros verbos adolescentes.
- Uhuuuuuu (risos ou gritos)
- Olha, olha só o Bernardo chegando. (Aninha e Laís olham atentas)
- Sei que você tem uma quedinha por ele, Aninha.
(Aninha disfarça)
- Ai, como é difícil, mesma sala o ano inteiro e será que uma única vez ele será meu? (fala em tom de lamentação)
Música: Beija eu (Marisa Monte)
Seja eu!
Deixa que eu seja eu
E aceita
O que seja seu
Então deita e aceita eu...
Molha eu!
Seca eu!
Deixa que eu seja o céu
E receba
O que seja seu
Anoiteça e amanheça eu...
Beija eu!
Beija eu!
Beija eu, me beija
Deixa
O que seja ser...
.............................................................
2º cena: O primeiro beijo
- Aconteceu, aconteceu, meus Deus! (entra Aninha falando alto e eufórica)
- Aconteceu, aconteceu, meus Deus! (entra Aninha falando alto e eufórica)
- O que aconteceu, garota?
- Conjuguei meu primeiro verbo. (eufórica)
- Ahn... (Laís faz cara de espanto)
- Conjuguei meu primeiro verbo. (fala arregalando os olhos)
- E qual foi o verbo?
- Beijar!
- Uauuu!!!
- E foi com o Bernardo?
- Não, com o primo dele, e deu até falta de ar, que cara, que tudo, que deus...
- Qual o nome, de onde ele é?
- Bruno, e mora de Juiz de Fora.
- A pombinha tá voando longe.
- Ele é que está voando longe, e voa como um anjo. Ai, amiga, pareço estar pisando nas nuvens, nuvens de algodão doce, nuvens macias como as mãos dele segurando o meu rosto. Seus braços me envolvendo pela cintura e eu morrendo de vergonha de não ter cintura fina e ele nem aí, só me dizendo que eu era linda e suave.
...................
Música: Somos quem podemos ser (Engenheiro do Hawaii)
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
..........................................................................
3ª Cena: Baba Baby
- Ana, Ana! Espera! Não pedi pra me esperar?
- Não ouvi, Bernardo, meus neurônios estão dormindo ainda.
- Você sabe que o Bruno tem namorada em Juiz de Fora?
- E daí?
- Como assim, e daí? Vocês não estão ficando?
- Nós só ficamos, foi só isso. Nunca imaginei que ele fosse namorar comigo de verdade.
- Então por que ficou com ele se sabia que ele não ia namorar você?
- Fiquei porque rolou um clima, porque tinha que acontecer.
- E fala isso assim, com essa naturalidade? Está me decepcionando. Que tipo de garota você é?
- Do tipo que jamais ficaria com você! Quem fala o que quer, costuma ouvir o que não quer.
- Olha só, eu não entendo vocês. Sabe... deixa pra lá!
(Sai Bernardo e entra Laís)
- Como foi a aula hoje, Aninha?
- Mais do mesmo, amiga!
- E como andam os verbos?
- Beijar e ficar já provei. (risos)
- Sabe, Laís, o Bernardo está vindo com um papo super chato para cima de mim.
- Sobre o quê?
- Ah, papo sobre o lance de eu ter ficado com o primo dele. E pra dizer a verdade, acho que no fundo gosto mesmo do Bernardo, mas por hora, quero ainda curtir a lembrança daquele delicioso beijo do Bruno. Já corri atrás do Bernardo outras vezes, mas agora, estou sem pressa. Ele que demonstre que goste de mim e ponto final.
Música: Baba baby (Kelly Key)
Você não acreditou
Você nem me olhou
Disse que eu era muito nova pra você
Mas agora que cresci você quer me namorar
Você não acreditou
Você sequer notou
Disse que eu era muito nova pra você
Mas agora que cresci você quer me namorar
Não vou acreditar nesse falso amor
Que só quer me iludir me enganar isso é caô
E pra nao dizer que eu sou ruim
Vou deixar você me olhar
Só olhar, só olhar, baba
Baby, baba
Olha o que perdeu. Baba, criança cresceu
Bom, bem feito pra você, é, agora eu sou mais eu
Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar
Baba baby, baby, baba, baba, baby, baba
Olha o que perdeu
Baba, criança cresceu
Bom, bem feito pra você, é, agora eu sou mais eu
Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar
Baba baby, baby, baba, baba
FIM
Atenção
Se você gostou do trabalho e pretende utilizar o texto da peça em sua escola, solicita-se a citação do nome do autor: Professor e poeta Leonardo Campos, Cataguases (MG)
A POESIA DE LEONARDO CAMPOS
Tédio Suburbano
Escapam as últimas aves
fugidias do breve
crepúsculo.
Esmaece o céu em nuvens,
rendem-se as janelas ao
vento.
Nesta tarde: cenas que se ocultam atrás de paredes,
(desses
prédios, dormitórios, pensões...)
Sob o horizonte se esvai o sol,
febril, disperso...
E fica insinuada a noite,
(ferve a primeira
estrela)
tal qual uma alegria
que vinga na
solidão.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
(Des)firmamento
Na noite densa escapa uma estrela
como paradoxo no vão.
e a noite se estilhaça – trêmula –
em um breve sinal de
desarmonia.
Os olhos, de súbito, se entreolharam,
antepostos ao caos
celestial.
Na noite densa escapou um estrela,
e o seu passado
é ainda um resto de brilho.