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15 fevereiro 2010

ALMA EXPOSTA NA JANELA (Por Lau Siqueira)



Uma poesia sem as algemas conceituais da contemporaneidade. É assim que escreve Idalina de Carvalho, de Cataguases para o mundo. (Do mundo para dentro de si). Uma poesia despida dos barroquismos da moda e das cantilenas neoconservadoras. Palavras que se conjugam na procura de uma linguagem que ao mesmo tempo revele e esconda suas ansiedades.

"Tua alma
a carne fere
quando é fato
o desejo
que a mata"

Nos versos acima, a poeta experimenta nas sensações humanas uma espécie de método inventivo, bem construído, denso o suficiente para impor-se diante do seu impulso criativo. Um procedimento a mesmo tempo superlativo e subjetivo grito e silêncio no tratamento das suas próprias sensações.

Idalina escreve sem as empáfia dos fardões clericais de determinados focos da produção poética brasileira. Aliás, muito mais políticos que líricos. Muito mais repetitivos de velhas vanguardas, que experimentais. Ela sabe que os destinos de uma composição de signos não depende do olhar quase sempre míope de uma crítica encerrada nos próprios limites. Uma poesia que se impõe pela beleza e pela forma muito particular de alcançar os próprios caminhos, sem as máculas de uma textura diluidora pelas "invenções inventadas" que tanto mal tem feito à relação entre poetas de diferentes matizes estéticas. Ela bebe nas fontes sempre inesgotáveis do modernismo, negando-se ao naufrágio. Caminha por sobre o sudário cabralino, revertendo concisões e cometendo o ato necessário de mastigar a suavidade da sua carpintaria, para determinar em si os próximos momentos das suas incursões em busca de um jeito muto singular de lidar com as palavras.

"tua cegueira
é o que te impede
de fitar-me"

Por vezes de cariz filosófico, por vezes de uma abordagem cravada na psiquê.

Ativista de uma literatura que se renova pelos fanzines, pelos blogs e cada vez mais distante das ditaduras estéticas do mercado (inexistente) experimental do livro de poesia no Brasil, a poeta trava dentro de si uma batalha de encantamentos que surpreendem pela beleza e pela inversão de significantes, revelando-se por isso mesmo, necessária.

* Lau Siqueira é poeta gaúcho, reside atualmente na Paraíba.
www.poesia-sim-poesia.blogspot.com
www.lau-siqueira.blogspot.com
www.cronopios.com.br

A POESIA DE IDALINA DE CARVALHO (por Edival Perrini)



Acompanho a poesia e o projeto literário de Idalina de Carvalho desde a década de 1990, quando a conheci em seus "Pensamintos".

Sei que estou diante da Poesia quando as palavras reunidas têm a magia de tocar a alma. A poesia de Idalina é assim: tem o tempero que dá vida ao poema; tem o singelo do olhar que adivinha o precioso; tem o gemido da fêmea que se "feminiza" em seus gritos e sussurros.

Tocado na alma, identifico o caos e reverbero com o humano que o habita. Se canto, por exemplo, "Tarde demais / quando até o digital da praça / perdeu / a noção do tempo.", hasteio a bandeira do paradoxo: posso sentir o tempo, e vivê-lo!

É alentador saber que a poesia de Idalina de Carvalho ganhou páginas de livro. E é alentador também saber que "poemas jamais escrito, grávidos nos olhos do poeta" deixaram seu estado de "quietude", e se somaram a estes bem nascidos.

*Edival Perrini é médico psiquiatra de Curitiba e poeta.
www.edivalperrini.com.br

15 fevereiro 2010

ALMA EXPOSTA NA JANELA (Por Lau Siqueira)



Uma poesia sem as algemas conceituais da contemporaneidade. É assim que escreve Idalina de Carvalho, de Cataguases para o mundo. (Do mundo para dentro de si). Uma poesia despida dos barroquismos da moda e das cantilenas neoconservadoras. Palavras que se conjugam na procura de uma linguagem que ao mesmo tempo revele e esconda suas ansiedades.

"Tua alma
a carne fere
quando é fato
o desejo
que a mata"

Nos versos acima, a poeta experimenta nas sensações humanas uma espécie de método inventivo, bem construído, denso o suficiente para impor-se diante do seu impulso criativo. Um procedimento a mesmo tempo superlativo e subjetivo grito e silêncio no tratamento das suas próprias sensações.

Idalina escreve sem as empáfia dos fardões clericais de determinados focos da produção poética brasileira. Aliás, muito mais políticos que líricos. Muito mais repetitivos de velhas vanguardas, que experimentais. Ela sabe que os destinos de uma composição de signos não depende do olhar quase sempre míope de uma crítica encerrada nos próprios limites. Uma poesia que se impõe pela beleza e pela forma muito particular de alcançar os próprios caminhos, sem as máculas de uma textura diluidora pelas "invenções inventadas" que tanto mal tem feito à relação entre poetas de diferentes matizes estéticas. Ela bebe nas fontes sempre inesgotáveis do modernismo, negando-se ao naufrágio. Caminha por sobre o sudário cabralino, revertendo concisões e cometendo o ato necessário de mastigar a suavidade da sua carpintaria, para determinar em si os próximos momentos das suas incursões em busca de um jeito muto singular de lidar com as palavras.

"tua cegueira
é o que te impede
de fitar-me"

Por vezes de cariz filosófico, por vezes de uma abordagem cravada na psiquê.

Ativista de uma literatura que se renova pelos fanzines, pelos blogs e cada vez mais distante das ditaduras estéticas do mercado (inexistente) experimental do livro de poesia no Brasil, a poeta trava dentro de si uma batalha de encantamentos que surpreendem pela beleza e pela inversão de significantes, revelando-se por isso mesmo, necessária.

* Lau Siqueira é poeta gaúcho, reside atualmente na Paraíba.
www.poesia-sim-poesia.blogspot.com
www.lau-siqueira.blogspot.com
www.cronopios.com.br

A POESIA DE IDALINA DE CARVALHO (por Edival Perrini)



Acompanho a poesia e o projeto literário de Idalina de Carvalho desde a década de 1990, quando a conheci em seus "Pensamintos".

Sei que estou diante da Poesia quando as palavras reunidas têm a magia de tocar a alma. A poesia de Idalina é assim: tem o tempero que dá vida ao poema; tem o singelo do olhar que adivinha o precioso; tem o gemido da fêmea que se "feminiza" em seus gritos e sussurros.

Tocado na alma, identifico o caos e reverbero com o humano que o habita. Se canto, por exemplo, "Tarde demais / quando até o digital da praça / perdeu / a noção do tempo.", hasteio a bandeira do paradoxo: posso sentir o tempo, e vivê-lo!

É alentador saber que a poesia de Idalina de Carvalho ganhou páginas de livro. E é alentador também saber que "poemas jamais escrito, grávidos nos olhos do poeta" deixaram seu estado de "quietude", e se somaram a estes bem nascidos.

*Edival Perrini é médico psiquiatra de Curitiba e poeta.
www.edivalperrini.com.br