A poesia de Idalina de Carvalho tem uma força erótica que envolve o leitor, tirando suspiros do seu silêncio."Silêncio" que se trai e sussurra sibilante: "sim / sou / sua // aquece / sacia / sossega-me o cio". O seu erotismo tem algo de religioso e atinge a dimensão do sagrado, como pode-se perceber no poema "Harmonia":
Havia céu e solidão.
Em silêncio
uma estrela
ardia orgasmo
na escuridão.Sempre o silêncio a povoar seus mistérios, seus êxtases.
A poeta portuguesa Ana Hatherly afirma que "não há criação sem dor". Idalina parece comungar com o pensamento da experimentalista lusitana, como pode-se notar no poema "Caçada": "A fêmea penetra / o cerne do ser / que se rende / arde / queima / morre / e se refaz", mas, apesar desse arder, desse queimar, a poeta de Cataguases, tal qual fênix, está sempre a ressurgir. Na verdade, recomeçar é o seu lema.
E, impregnado de sensualidade, o "Filme erótico" de sua poética continua em cartaz:
Gemidos perdem-se
em espectros de nudez
devorados pelo espelho.
Palavras ecoam
sem compromisso de nexo.
Sexo
loucura
êxtase
relaxo.Resta ao leitor buscar o final dessa película, ou as cenas do próximo capítulo. Que novidades trará Idalina de Carvalho?
*José Inácio Vieira de Melo é jornalista, co-editor de Iararana - revista de arte, crítica e literatura, Bahia.
07 março 2010
IDALINA DE CARVALHO POR JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
12:57
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07 março 2010
IDALINA DE CARVALHO POR JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
A poesia de Idalina de Carvalho tem uma força erótica que envolve o leitor, tirando suspiros do seu silêncio."Silêncio" que se trai e sussurra sibilante: "sim / sou / sua // aquece / sacia / sossega-me o cio". O seu erotismo tem algo de religioso e atinge a dimensão do sagrado, como pode-se perceber no poema "Harmonia":
Havia céu e solidão.
Em silêncio
uma estrela
ardia orgasmo
na escuridão.Sempre o silêncio a povoar seus mistérios, seus êxtases.
A poeta portuguesa Ana Hatherly afirma que "não há criação sem dor". Idalina parece comungar com o pensamento da experimentalista lusitana, como pode-se notar no poema "Caçada": "A fêmea penetra / o cerne do ser / que se rende / arde / queima / morre / e se refaz", mas, apesar desse arder, desse queimar, a poeta de Cataguases, tal qual fênix, está sempre a ressurgir. Na verdade, recomeçar é o seu lema.
E, impregnado de sensualidade, o "Filme erótico" de sua poética continua em cartaz:
Gemidos perdem-se
em espectros de nudez
devorados pelo espelho.
Palavras ecoam
sem compromisso de nexo.
Sexo
loucura
êxtase
relaxo.Resta ao leitor buscar o final dessa película, ou as cenas do próximo capítulo. Que novidades trará Idalina de Carvalho?
*José Inácio Vieira de Melo é jornalista, co-editor de Iararana - revista de arte, crítica e literatura, Bahia.
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